Como se tornar um autodidata

Caros amigos,

Compartilho com vocês um conjunto de textos publicados originalmente do dia 27 de agosto ao dia 17 de setembro de 2014, no Jornal Capital de Sinop-MT onde sou colunista de um espaço chamado de Diário de Blender. Sempre imaginei que seria pouco provável que alguém abrisse um espaço para os assuntos específicos que norteiam minha área de atuação, mas isso não apenas aconteceu e ainda por cima leva o nosso querido Blender 3D no título. Aproveito a oportunidade para agradecer ao jornalista Jamerson Miléski pela coragem em propor tal empreitada.

No entanto, se o colunista é um nerd, o mesmo não se pode atribuir aos leitores, compostos por todas as camadas que compõe a sociedade do município e região. Foi pensando neles que escrevi um texto leve, sem muitas palavras específicas dos amantes de Blender, Linux e pirações na batatinha em geral.

Vamos lá?

Autodidata_apresenta1) Apresentação

Caro leitor, encontro-me feliz e honrado por voltar a esse espaço e poder oferecer-lhe algumas palavras escritas sob os desígnios da experiência e motivadas pelo sincero desejo de compartilhar conhecimento.

O assunto desse especial será o autodidatismo. Como se tornar um autodidata? Aprender sozinho tem mais prós ou contras? Por onde começar? A gente nasce autodidata ou se torna um? Dentro da medida do possível tentarei abordar alguns desses tópicos sempre com uma visão imparcial de modo que o tempo gasto nessas leituras seja justificado por momentos agradáveis e densos de informações.

Uma vez li que todo o estudante precisa ser autodidata, ou seja, mesmo estando dentro de uma sala de aula é necessário que o aluno mantenha uma rotina de ir atrás do conhecimento sozinho, isso fará com que esteja sempre antenado com os conceitos que orbitam a matéria em questão, ampliando o escopo inicialmente pensado pelo curso e quem sabe, criando uma forma própria de lidar com o que fora ensinado.

Ser autodidata não é esquecer que o resto do mundo existe, ignorando a ajuda alheia, a retomada de estudos iniciados por outrem ou mesmo participar de cursos oficiais, como descrito acima. Ser autodidata é buscar o conhecimento e compreender que a obtenção deste não é uma realidade passiva onde o fator isolado de desejar aprender já é o suficiente para que isso aconteça. Ser autodidata é se sentir antes de tudo um estudante e não apenas um aluno. Estudante traz a ideia de ação, de construção de um saber e mesmo que essa construção seja norteada por momentos de solidão, o fato é que sempre é mais inteligente seguir caminhos já abertos por outros seres humanos.

Convido-o a acompanhar essa coluna e saber um pouco mais através da minha caminhada pessoal em direção ao conhecimento, mas que ao mesmo tempo torna-se uma realidade universal, pois todos nós, vez ou outra nos deparamos com essa necessidade e uma coisa eu posso lhe garantir, caro leitor, quem aprende “sozinho” deseja muito auxiliar os outros que pretendem fazer o mesmo. As vezes é em uma aparente solidão que encontramos o desejo sincero de dividirmos as vitórias com toda a sociedade, traduzida nequele momento em indivíduos com igual interesse.

Até a próxima!

Autodidata_interesse2) O interesse

Quando me perguntam qual a emissora televisiva que mais me apetece, não titubeio ao informar ao interlocutor que é a TV Escola. Aliás, ela não é apenas a TV que eu mais gosto… ela é uma das coisas que eu mais gosto holisticamente falando. Alguns amigos, adeptos a meios digamos, mais eruditos costumam ver com interesse essa minha apreciação por uma mídia que, segundo eles não trata os assuntos com profundidade. É justamente essa a magia.

Costumo dizer que o interesse por um assunto, a vontade que em nós desperta de começar a estudar alguma coisa acaba parecendo muito com a dinâmica da paixão.  É comum vermos uma pessoa muitas vezes , cruzarmos com ela, até cumprimentá-la sem que nos desperte interesse algum. Mas em um belo dia, talvez ao olhar a pessoa com mais cuidado, conversar com ela ou pelo fato de alguém falar dela nós, passamos a nos interessar e a partir daí nasce a paixão. Com o conhecimento é quase a mesma coisa… nós falamos de alguns assuntos, temos histórico dele em nossas vidas, “passamos por cima” dele inúmeras vezes sem no entanto parar para contemplá-lo demoradamente e resignadamente.

Ao sentar para assistir geralmente procedo em tal ação sem a mínima pretensão de me concentrar. Apenas desejo me refestelar, tomar o controle nas mãos e ficar zapeando entre um canal e outro. A magia acontece quando ao colocar na já supracitada TV, eis que está a passar um documentário, sobre um tema que me chama a atenção. Começo a me inteirar do assunto, me deixar levar… me apaixonar aos poucos por aquilo que está passando. Entre uma cena e outra aparece alguém falando e com os caracteres identificando-o. Se tenho uma caneta e um papel por perto, vou tomando nota do nome do indivíduo e os termos que chamaram a minha atenção. Pronto, fui fisgado.

Hoje ao se interessar por algo que possa ser trabalhado intelectualmente, basta que tenhamos a mão as palavras certas para pesquisar. Com o termo em uma mão e o teclado em outra o mundo digital da internet está a nossa disposição para nos guiar pela estrada do conhecimento. Para isso, para que essa situação aconteça é necessário que “role” a paixão, que nasça o interesse, o primeiro pilar de um conhecimento fundamentado no autodidatismo.

E assim como a paixão que acomete os homens e mulheres, para conquistar o pretendido é necessário um mínimo de atitude, uma aproximação, uma abordagem. Para aprender algo o procedimento é quase o mesmo, e é isso que veremos na próxima edição, até lá!

Autodidata_abordagem3) A abordagem

Para aprender é preciso conviver. Essa é uma frase batida das aulas que ministro. Nela procuro externar a importância de converter o objeto de aprendizagem em parte do cotidiano do aluno. Aliás, isso é importante antes mesmo do indivíduo necessariamente começar a estudar assuntos direcionados aquele objeto de aprendizagem.

O primeiro passo de um autodidata é se interessar pelo que estudará, o segundo passo é abordar o campo que deseja se aprofundar. A abordagem é um dos processos mais deliciosos no caminho da compreensão, posto que é quando contemplamos o que desejamos aprender e vamos traçando metas para efetivar essa compreensão. Usando novamente a analogia amorosa, é como quando nos aproximamos de quem nos interessa. Precisamos ter cuidado para não afugentar a pessoa durante esse passo, pois isso colocaria a perder todo o plano de conquista.

 Quando me interesso por um assunto e passo para a abordagem, começo a ler materiais superficiais sobre o mesmo e a assistir matérias jornalísticas (Youtube, sites das emissoras), pois elas sínteses que contemplam quase todos os tipos de público. Isso é importante por que aos poucos você vai encontrando termos recorrentes. Um exemplo, quando eu estava começando a aprender sobre computação gráfica 3D eu sempre lia o termo “renderizar” e nos primeiros momentos não compreendia o significado. Por ser um termo muito recorrente, fui atrás do significado e descobri se tratar de um processo de conversão de dados em baixa resolução que apareciam na tela em imagens com alta qualidade próprias para serem apresentadas. Aos poucos fui percebendo outras palavras misteriosas como low-poly, shader, nodes, blend e por aí vai. Uma a uma foi sendo desmistificada e aos poucos eu me encontrava familiarizado com o meio, confiante o suficiente para me “atracar” nos programas e começar a me tornar um modelador 3D.

Então é só isso? Ler e se informar sobre o assunto? Sim caro leitor, simples assim. É fundamental que o processo de aprendizagem seja prazeroso. É claro que isso não vai acontecer em 100% do tempo, mas é importante que ocorra o suficiente para que se converta em uma lembrança agradável. Que se converta em um estado de excitação intelectual quando você assistir a um filme, ler um anúncio ou se deparar com uma situação que remeta ao que está aprendendo e se ver com propriedade de compreender aquilo ou mesmo “sacar” algo que as pessoas em sua volta não se deram conta.

Se você continuar a se aprofundar é um claro sinal de que essa etapa foi superada e é chegado momento de entrar na próxima. Conversaremos sobre isso na coluna que vem.

Um grande abraço!

Autodidata_treinando4) Treinamento

Nossa… como fulano é inteligente… como ele é bom nisso, ele tem o dom!

Ter o dom para algo é excelente caro leitor, mar ele sozinho não resolve tudo. Você deve conhecer aquela frase de 1% inspiração e 99% transpiração, certo? Pois é, quando se pretende aprender algo o caminho é esse também. Mais vale uma pessoa com vontade do que com predisposição.

 Lembro-me de quando eu era criança e me encantei por jogos de bolita. Achava delicioso aquela brincadeira que tinha como protagonista a física simples, pedindo apenas que os jogadores arremessassem uma esfera de vidro sobre a outra. Tác! O barulinho era o prêmio….ouvir aquele ruído de uma bolita tocando a outra era como escutar o gás da Coca-Cola saindo ao abrir uma garrafa, outro prazer que tangenciou a tenra idade.

 Infelizmente, para as minhas pretensões pueris eu era muito, muito ruim naquele jogo. Isso me fez buscar saídas para que eu pudesse dar vazão aquela alegria incontida de brincar e vencer. Recordo-me que a minha mãe havia comprado um tapete estampado com folhas amareladas em alto relevo. Sentado sobre ele eu assistia a novela Carrossel, aquela versão mexicana do fim da década de 1980 (e também um programa chamado Coquetel, mas longe dos olhos da mãe). Um belo dia, juntei minhas poucas bolitas e comecei a brincar sobre o tapete. Inicialmente treinando a curtas distâncias e aumentando-as assim que conquistava a destreza necessária para acertar o alvo.

Dias se passaram e eu fui ficando muito bom naquilo. Acertava os alvos de um extremo ao outro do tapete. Por ser um ambiente controlado, a sala de TV (preto e branco) me ajudou a “calibrar” as mãos, mas percebi que precisaria ser melhor do que um filhinho-da-mamãe-que-joga-na-sala se desejasse realmente vencer os meus colegas. Passei então a treinar em um terreno externo, mas modestamente acidentado. Assim que dominei a parada passei a um terreno “hardcore”. Aos poucos ganhei não apenas destreza, mas experiência e confiança. Passei então a duelar com os meus amiguinho da rua e a me destacar como um atirador de elite quando se tratava de bolita.

Pouca gente sabe, mas até hoje uso essa técnica para aprender um assunto. Eu inicio um treinamento modesto, dentro de um ambiente controlado. Sem pretensão alguma que não seja melhorar a coordenação motora ou intelectual. Sem contar a ninguém sobre os meus estudos, eu vou tornando as atividades cada vez mais desafiadoras, mas nunca passando do ponto, sob a pena de desmotivar-me e parar com tudo. Os dias, semanas e meses se passam, até que eu realmente fique bom em uma determinada habilidade. Quando a confiança se faz presente principio a compartilhar os resultados e isso ajuda muito no incremento da técnica e na correção de erros e ajustes de rotas de estudo e efetivação da obra.

O importante nessa etapa é treinar, errar sem medo e aos poucos encontrar o caminho do acerto. Uma vez que esse caminho se coloque frente aos seus olhos é o momento de melhorar a técnica e criar meios de viabilizar um incremento constante de suas habilidades. Sobre isso falaremos no próximo texto.

Um grande abraço!

Autodidata_acao5) Ação!

Só sei que nada sei, a frase atribuída ao filósofo Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) ilustra bem o que deveria sentir uma pessoa que está entrando em contato com um novo conhecimento. Parece besteira escrever algo assim, mas o fato é que um grande número de viventes se sentem frustrados ao começar a aprender algo e não conseguirem ter progressos inciais… ora, se você está começando, por que deveria esperar que tudo corresse bem, sem desafios e obstáculos pelo caminho? Não saber, ser ignorante momentaneamente e errar é uma realidade presente nessa etapa. Para o seu próprio bem e paz interior é necessário estar sintonizado com a sensação de nada saber, só assim terá a dignidade para seguir em frente e levantar nos primeiros tombos.

Nas colunas anteriores tratamos da abordagem e dos primeiros treinamentos acerca do que pretendemos aprender ou dominar. Existe uma música, um fado que trata com simplicidade, mas ao mesmo tempo acurácia um sentimento que ajudaria bastante o interessado nessas fases iniciais: /De quem eu gosto/ nem às paredes confesso/, cantava Amália Rodrigues falando de um amor, mas no caso de quem está aprendendo, trata-se apenas de uma defesa frente a desmotivação que nos circunda do dia-a-dia. Infelizmente, mesmo que muitas vezes sem querer, as pessoas que no geral convivem ou passam pelas nossas vidas acabam nos desmotivando frente aos desafios de se aprender ou dominar um assunto, talvez pelo infortúnio de suas histórias, ou até por ingenuidade ao tentar nos ajudar.

Na etapa da ação as coisas mudam um pouco de cara. Aqui, ao passar das experiências e treinamentos iniciais é necessário fazer com que os outros conheçam o seu trabalho e façam observações sobre ele. Só sei que nada sei… ao encarnar a frase você usufruirá dos benefícios da humildade ao não se zangar tanto quando alguém pontuar as falhas de sua obra e quem sabe, ficará mais feliz quando fizerem elogios, afinal, as pessoas não são tão más assim.

A internet auxilia enormemente quem está querendo mostrar os trabalhos e receber observações e auxílio nesse processo de composição inicial. Hoje contamos com comunidades e fóruns que permitem ao usuário publicar suas obras e contar com uma consultoria gratuita por parte de dezenas, centenas ou até milhares de pessoas, grande parte delas dispostas a ajudar.

Então, vamos lá! Com a humildade na mente e a vontade de agir no corpo, eis que uma estrada de glória e satisfação didática se apresentará à sua frente. Boa caminhada e nos vemos na próxima edição!

Autodidata_tedio6) Vencendo o tédio

Aprender é delicioso, mas depois de um tempo essa excitação pode se converter em tédio, principalmente se você está trabalhando profissionalmente com o objeto de estudo.

Quando comecei a trabalhar com 3D, lá pelos anos de 2001 eu apreciava grandemente criar obras como residências e galpões, humanizar com móveis, árvores e pessoas e no final gerar imagens coloridas e vistosas. Os primeiros modelos foram efetuados com afinco e atenção, não descuidando nenhum detalhe. Eu passava horas e horas me dedicando ao máximo e curtindo cada coisinha que era adicionada ou alterada. Depois da vigésima modelagem aquilo se tornou cansativo e tedioso. Para vencer os sentimentos destrutivos que se colocaram frente a minha pessoa, decidi mudar de programa, aprendendo um software mais sofisticado, que me permitisse alçar voos maiores no quesito de digitalização 3D. Pensado e feito, troquei de programa, estudei-o, conheci-o e apliquei-o. Diante daquelas novidades todas aproveitei para aprender a modelar faces humanas. Foi muito bom, foi excitante e produtivo, mas depois de muitas modelagens a coisa começou a ficar chata também. Daí passei a aprender animação, depois que a animação ficou tediosa, passei ao desenvolvimento de metodologias para efeitos visuais, posteriormente aprendi a digitalizar objetos a partir de fotos, depois a fazer reconstrução facial digital a partir de crânios e por fim estou aprendendo a programar, de modo a apresentar meus modelos em 3D interativo diretamente na internet.

O tédio é um inimigo poderoso da motivação em aprender e da vontade de evoluir. A previsibilidade de executar algo que não oferece desafios ou se trata de uma tarefa redundante, acaba por nos desmotivar e inviabilizar a alegria de viver pelo longo tempo que você tiver que lidar com aquele trabalho. Felizmente o conhecimento é algo que brota em todos os lugares, basta regá-lo com a curiosidade e a prontidão em desenvolver a mesma tarefa de modos diferentes. Se você dispor de tempo e liberdade, procure mudar a forma de abordar as atividades que se tornaram tediosas, busque aprender detalhes mais profundos que fazem parte daquele campo de conhecimento. Conheça pessoas, instituições ou comunidades que desenvolvam a mesma atividade, de modo a aprender algo novo com elas, principalmente um ponto de vista diferente do seu em relação aquilo.

O resultado de tudo isso é a evolução. Porém, se mesmo diante de todo esse esforço o assunto ainda lhe cause náusea ou desinteresse, talvez seja a hora de “mudar de vida”, de buscar algo realmente novo a se concentrar e dedicar. Lembre-se que o mais importante é que você seja feliz frente ao conhecimento, frente as novidades e sentimentos que o ato de aprender podem lhe oferecer.

Autodidata_frear7) Saber frear e até a próxima!

Caro leitor, desde a primeira coluna tenho abordado a necessidade de se colocar frente ao conhecimento sem temor, mas também com humildade. É evidente que essa segunda não deve sessar quando o conhecimento aparentemente se estabelecer. Quando começamos a dominar um assunto, ou somos bem sucedidos na busca de um objetivo, a tendência é que cada vez nos tornemos mais ambiciosos e mais irados… se a coisa não correr como pretendíamos. Por vezes na vida nós nos comprometemos com mais compromissos que somos capazes de cumprir e subestimamos degraus difíceis de vencer. Nós vamos “à briga” e “levamos um pau” de um assunto que parecia simples ou ainda indigno de ser tão trabalho, já que aparentemente dispúnhamos de todas bases necessárias para dominá-lo. Se isso acontecer, a dica que lhe dou é a de redimensionar a sua tranquilidade para que ela ocupe mais espaço que a fúria. Tenha a paciência de começar de novo e resolver o desafio respeitando-o. A busca pelo conhecimento nos prega essas peças eventualmente e até parece que faz por querer, para nos provocar o sentimento de humildade e nos colocar no caminho da resignação e labuta intelectual.

Quanto mais tranquila e mais objetiva for a busca, mais paz você terá em sua vida. O objetivo dessa coluna foi despertar o interesse sem sobrecarregar o seu cotidiano. É evidente que, pela nossa natureza de inquietude nós sempre vamos cair na armadilha de querer resolver todos os problemas do mundo com a nossa exígua força, mas felizmente nós temos a chance de errar, parar e corrigir a rota. No fundo essa sede de ação quase insana é um dos elementos construtores do conhecimento.

Como de costume, agradeço a sua atenção ao ler esse espaço. O quadro “Como se tornar um autodidata” termina aqui, mas em breve nos encontraremos novamente desbravar outros assuntos, sempre ligados a exercício cerebrais e/ou visuais.

Até a próxima!


One thought on “Como se tornar um autodidata

  1. Enthony Stevie

    Muito bom o texto, ao meu ver mostra de forma clara todo o processo de rota do autodidata. Me identifiquei bastante com tudo que li. Abraços ao autor!

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