Não, esse post não tratará de impressão 3D usando o Blender, pelo menos não da maneira que as pessoas que entraram nele provavelmente esperaram. Então por que cargas d’água decidi escrevê-lo?
A história começa na Latinoware 2011 (recomendo esse evento a todos!), quando conheci um espanhol muito gente fina que não entendia quase nada que as pessoas falavam em português, indo contra a minha crença de que os falantes daquele idioma nos entendiam tranquilamente, desde que falássemos devagar.
Enfim, o conheci o Juan e trocamos algumas ideias em inglês… pelos menos eu acho que falei alguma coisa. Ele me disse que desenvolvia impressoras 3D (de código livre) e que além disso, criava pequenos robôs, peças e outras impressoras com as impressões em 3D.
Pequeno vídeo editado no Blender e no Kdenlive mostrando a impressora em 360º
A priori parece coisa de ficção científica, imagine só, uma impressora se repicando e evoluindo nessas replicações. Até brinquei com ele dizendo que enquanto isso se limitasse a impressoras estava sob controle e que ele não começasse a criar robôs mais evoluídos, pois correríamos o risco de uma Apocalipse cibernética 🙂
Como estava quase na hora do meu minicurso de Blender, convidei-o a participar ao que ele aceitou prontamente.
O minicurso teve 6 horas, mas ele só pode assistir umas duas, pois uma videoconferência o esperava. Foi o suficiente para que o espanhol aprendesse acerca da interface e os comandos básicos do Blender, como mover, rotacionar, redimensionar e afins.
Meses de passaram e esses dias fui surprendido com uma citação de agradecimento no Google+. Ele havia modelado uma das impressoras!
Além disso, acabou disponibilizando o arquivo fonte .blend no melhor estilo free software:
http://www.iearobotics.com/wiki/index.php?title=Prusa2_Blender
Como nunca programei nada decentemente e assim me excluí de uma participação efetiva no desenvolvimento de algum software, aproveitei para baixar o arquivo fonte e oferecer os meus serviços de artista 3D a causa da impressora.
Eu adoro participar de projetos com várias pessoas, principalmente quando se trata de uma situação interdisciplinar onde um conhece um pouco a área de atuação do outro.
Para uma pessoa modelar uma máquina como essa ela terá que trabalhar muito, pois é um processo lento e preciso. O Juan já havia modelado essas peças em um software próprio para tal fim. Ele importou as peças (STL) no Blender e montou tudo bonitinho, deixando a cena totalmente configurada até com o sistema de medidas.
É tudo o que eu queria, uma cena pronta para me divertir com a renderização. Trabalhei na iluminação e nos materiais para deixá-los compatíveis com as fotos do modelo real.
Depois brinquei com as imagens geradas usando o Gimp para uma pós e o Inkscape para gerar um cartaz fictício, sobre a possibilidade da pessoa comprar uma impressora 3D pronta ou montar ela mesma.
Ao que parece ele apreciou bastante o resultado e eu me diverti muito, principalmente por que consegui plantar a sementinha do Blender no coração de alguém. Isso é muito bacana, é bom não ter o temor irracional de compartilhar informações e técnicas. Não vejo como esse ato possa ser nocivo as pessoas, principalmente aquelas que desejam um mundo melhor.
Um grande abraço e até a próxima!
Cicero, lembra de mim, o Guilherme de Campinas?
Eu estou finalizando a montagem de uma prusa e estou postando algumas coisas num blog. Vou roubar umas imagens suas da sua explicação de modelagem.
Sinta-se livre para linkar no meu blog.
Estás devendo umas brejas pra mim (já que o Cogitas não bebe) quando vier de novo pra Campinas